2.3.11

Mausoléus

Uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo era o Mausoléu de Halicarnasso, uma construção funerária gigantesca, projectada por Pítio, que servia de tumba ao rei Mausolo da Caria, que viveu durante o século IV a.C.
Dessa Maravilha do Mundo Antigo restam apenas alguns vestígios na cidade turca de Bodrum, mas o nome e o conceito resistem e são reconhecidos por todos.

Um mausoléu pode ser definido como uma construção fúnebre, independente, contendo uma ou várias tumbas onde se pode, pelo menos em teoria, entrar.

Relativamente popular durante a ocupação romana, a construção de mausoléus tornou-se rara nos séculos que se seguiram, considerando as práticas funerárias promovidas pelas religião católica.

É a ruptura com as inumações no interior das igrejas que impulsiona o regresso destas construções. O regresso da construção de mausoléus dá-se também com o estabelecimento de colónias de europeus fora da Europa e a influencia que as construções e costumes locais tiveram sobre estas. Na Índia é possivel encontrar mausoléus construidos por comerciantes europeus desde 1659.
Um dos casos mais claros dessa influencia é o cemitério de South Park Street, em Calcutá, modelo inicial para os grandes cemitérios românticos (vitorianos) europeus como Père Lachaise.

A moda dos cemitérios românticos, que se espalhou pela Europa durante o final do século XVIII e os primeiros anos do século XIX, transformou o desenho e construção de mausoléus numa actividade arquitectural comum. É interessante perceber entre 1768 e 1820 (cronologia) a Royal Academy, em Inglaterra, recebeu cento e sessenta e quatro projectos de mausoléus, dos quais foram efectivamente construidos setenta.
Nas famílias mais abastadas, era natural que o arquitecto seleccionado para fazer construções nas propriedades da família fosse chamado também a desenhar o respectivo mausoléu.

A época vitoriana permite uma diversidade de estilos realmente rica; podemos encontrar monumentos de estilo Tudor ao lado de outros de estilos Grego, Gótico e Egípcio - que se tornou especialmente popular nessa altura devido à sua associação às pirâmides enquanto monumento fúnebre e, indirectamente, à simbologia maçónica, também muito comum na representação funerária vitoriana.

Apesar disso, é por volta dos anos 60 de 1800 que a construção de mausoléus atinge o seu pico, em número e tamanho. É nesta fase que grandes nomes da arquitectura do século XIX ficam associados à construção de monumentos funerários, trazendo floreados estilísticos como cantaria policromática e estilos e materiais eclécticos.

Com a chegada do século XX, na Europa, a afirmação de riqueza por recurso à construção de monumentos funerários sai de moda, ao mesmo tempo que a tendência para a cremação aumenta. Ainda assim, alguns mausoléus são adaptados, criando-se nichos para urnas de cinzas funerárias.

Nos Estados Unidos, a construção de mausoléus não sofreu este abandono, sendo ainda bastante popular. Em alguns países, como o México, o plástico colorido faz agora parte das construções funerárias, criando mausoléus extravagantes.
Neste momento, existem já mausoléus virtuais pela Internet, onde é possível imortalizar uma pessoa através de uma placa.

Estas ricas e diversificadas construções do passado - não muito distante - estão disponíveis para serem apreciadas e visitadas, permitindo-nos perceber a forma artística e tentativamente duradoura com que os nossos antepassados procuravam celebrar a morte dos seus entes queridos.


Imagens:
central - Cemitério Monumentale, Milão, Itália @Gisela Monteiro . 2010;
e
squerda - Cemitério Monumentale, Milão, Itália @Gisela Monteiro . 2010;
direita - Cemitério Père Lachaise, Paris, França @ Gisela Monteiro . 2009;

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